O ministrante, Bispo Roberto Marques, iniciou a palavra da noite lendo os versículos de 17 a 34 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 11:
17 ¶ Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior.
18 Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio.
19 E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.
20 De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor.
21 Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se.
22 Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.
23 Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24 E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
25 Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
26 Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.
27 Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
29 Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.
30 Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.
31 Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
32 Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
33 Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
34 Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for.
I Coríntios 11: 17-34
Enfatizando que ninguém se junta à mesa com inimigo, mas sim com o irmão e o amigo, o bispo lembrou que o apóstolo Paulo fala em comunhão, quando se refere à Ceia. E nessa passagem, ele corrige aos da Igreja de Corinto. Uma igreja que havia sido muito abençoada por Deus em diversos aspectos. Com toda sorte de bênçãos espirituais, de dons espirituais, ao ponto de “não lhes faltar dom nenhum”. Mas estava naquele momento, quando Paulo escrevera a carta, com sérios problemas referentes aos padrões de conduta e de doutrina que o apóstolo havia estabelecido por ocasião de sua fundação.
O bispo explicou que das cartas escrita por ele, só duas não foram escritas com a intenção de corrigir problemas, uma dirigida, os romanos e outra aos filipenses. Aos romanos, Paulo expôs seus pontos teológicos, e aos filipenses, membros de uma igreja amorosa que não criava problemas, Paulo faz um agradecimento, pois era uma igreja ideal em muitos sentidos. Era agradecida e bondosa, fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária. É uma carta de amor espiritual à igreja, cheia de carinho e gratidão. Mas em Corinto, uma cidade próspera, a situação era bem diferente. Os problemas de Corinto eram muitos. Havia divisões na igreja, problemas doutrinários, que se refletiam no culto. Na hora da Santa Ceia havia pessoas que até se embriagavam, participavam sem ter o espírito apropriado. A igreja pensava que era espiritual e considerava-se assim apesar de estar toda minada de problemas.
Á época do apóstolo Paulo, a ceia era um verdadeiro banquete, explicou o bispo à Igreja, diferente de hoje, quando apenas a simbolizamos em memorial, como ordenança de Cristo. Nessa época todos se sentavam à mesa, os que tinham levado o que comer e os que não tinham. Todos participavam. Mas em Corinto os que tinham se reuniam a comer e os que não tinham ficavam á parte, apenas olhando. E Paulo não se agradou dessa atitude, por isso chamou-lhes a atenção. Afirmando que isso não poderia acontecer entre cristãos.
O bispo reiterou que a ceia é algo sublime. Uma ordenança de Cristo, como o batismo também o é. Não se podem permitir divisões. É momento de dar e receber. Por isso Paulo escreve aos coríntios: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão”. Ele afirma que recebeu diretamente do Senhor, a quem instituiu essa ordenança.
O bispo explica á Igreja essa simbologia, rememorando a Páscoa para os judeus. Comemorada ano a ano como a libertação da escravidão no Egito. Era um momento de festa, com mesa farta e alegre. Nessa mesa não podiam faltar o cordeiro e as ervas amargas. O cordeiro simboliza o sacrifício, e as ervas representavam as amarguras e o sofrimento pelos quais passaram o povo de Deus no exílio. Mas Cristo é o cordeiro que nos redimiu dos pecados, portanto não seria mais necessário esse item para simbolizar a redenção, e nem tampouco as ervas, pois Cristo levou sobre si as nossas dores. Assim, para celebrar a ceia como memorial, até sua segunda vinda, Cristo escolheu dois outros elementos para simbolizar essa passagem.
O pão, um elemento básico de toda mesa, representa o seu corpo. Ele disse: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim”. O ministrante ponderou sobre a possível dificuldade de os discípulos entenderem naquele momento o que ele dizia por metáforas, uma vez que Jesus estava presente na primeira ceia. Mas Ele disse: “esse é o meu corpo”, e não “isso representa o meu corpo”.
Explicando o porquê dessa escolha, o bispo lembrou que para se fazer o pão o trigo precisa ser moído, triturado, virar pó e isso figurativiza o que Cristo passou por nós. Ele levou sobre si as nossas chicotadas, tudo que deveria ser nosso, por amor a nós. O castigo era nosso e não Dele, reiterou o ministrante.
Paulo disse á igreja que agradecesse. E hoje o bispo pergunta à Igreja sob seus cuidados: quantas vezes nós temos feito isso? Quantas vezes nos lembramos de agradecer a Cristo por ter morrido em nosso lugar? Ponderou que achamos isso tão banal que não percebemos o quão memorável é e que devemos sempre trazer a nossa lembrança e sermos gratos.
O Senhor, que não é Deus de acasos, escolheu outro elemento para ser símbolo: o vinho. Por ser fruto da videira, porque para existir tem que ser pisado, esmagado. E Ele foi pisado, e seu sangue verteu por nós, pela expiação de nossos pecados. Pagou um alto preço, o preço da vida. A vida que temos hoje devemos a Ele e deveríamos vivê-la para Jesus Cristo de Nazaré, porque não é nossa. É Dele. Assim, Ele toma o cálice e diz: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”.
Que aliança é essa, pergunta o ministrante, lembrando que nosso Deus é um Deus de acordos, que faz alianças. Primeiro Ele as fez com Adão, mas essa aliança tinha uma árvore como condição e a aliança foi quebrada. Depois Ele as fez com Moisés, com Davi e com outros homens, mas toda aliança feita com homens foi se quebrando, até que Ele desistiu de confiar no homem e fez uma nova aliança, agora alicerçada em Deus. A nova aliança no sangue do cordeiro de Deus, que não pode ser anulada que é definitiva. Alicerçada em algo incorruptível.
O Bispo destacou que a carta de Paulo mostra as benesses e os malefícios de se participar da ceia sem discernimento e explicou que esse memorial deve ocorrer como ordenança para anunciar a morte até que Jesus novamente venha. Maranata: “Ora vem Senhor Jesus.
A nova aliança é aliança de vida, de paz, de vida eterna, de libertação do reino das trevas para o Reino da maravilhosa luz do Senhor Jesus. Portanto, conclamou á igreja: proclamai, anunciai e ansiai pela vinda do Senhor.
O que é comer e beber indignamente, perguntou o bispo, explicando que é participar da ceia sem discernir o corpo de Cristo, lembrando que o corpo de Cristo hoje é a Igreja. Se alguém não está em comunhão com a Igreja, come indignamente. Se não está bem ajustado, não cumpre sua função. O bispo reiterou que não podemos estar fora da comunhão. Se alguém diz por aí que não precisa estar na Igreja para servir a Deus é falácia, pois foi o próprio Jesus quem instituiu a igreja como corpo. A igreja deve estar engajada, cada membro cumprindo o seu papel no corpo. Ele asseverou que há pessoas que vão à igreja como cliente: querem apenas ser servidos e não querem servir, não se envolvem, não desempenham uma função no corpo. No entanto, assegurou, temos que servir ao Senhor Deus Todo Poderoso. Destacando que temos que prestar culto agradável a Deus.
Lembrando que não é função do pastor verificar se cada uma pode participar da ceia, mas que isso cabe a cada um se examinar a si mesmo e decidir se participa ou não, o bispo assegurou que a mensagem de Paulo aos coríntios e a qual ele ministra hoje a sua Igreja é a de que cada um deve tomar uma decisão de não participar indignamente. Ou seja, se está fora, que entre, se está desligado que volte a se ligar, se não está exercendo nenhuma função que procure participar como corpo integrado, pois cada um tem um dom e uma função e pode fazer parte em atividade. O alerta é para se consertar e não para deixar de participar. Ninguém deve julgar ninguém, cada um sabe se deve ou não naquele momento.
Vamos acertar o passo, conclamou o bispo á Igreja! É hora de tomar decisões. De decidir estar no corpo de Cristo e de cumprir a função para a qual foi chamado. Se preciso for, peça perdão, pois o perdão é para quem quer acertar.
O bispo exortou a Igreja a tomar essa decisão e após abençoar os seu elementos, partilhou com todos a ceia do Senhor: